Vivemos num mundo repleto de opções de alimentos em todos os lugares. São alimentos industrializados, de fácil acesso, de vários tipos, sabores e cores.
As maiores vítimas desse acesso fácil aos alimentos industrializados, normalmente, são as crianças. Os adultos também se deixam levar pela sedução da facilidade, mas as crianças são atraídas com os diversos artifícios utilizados na fabricação e na propaganda desses alimentos.
Produtos doces, salgadinhos, biscoitos gordurosos, petiscos coloridos, com formas ou desenhos de bichinhos entre tantas outras características de alimentos que agradam ao paladar e a visão, mas não necessariamente são bem aproveitados pelo corpo, são grandes atrativos para as crianças.
Estatísticas da Obesidade Infantil no Brasil e no Mundo
A Obesidade é uma realidade em todas as faixa etárias.
Em vários lugares do mundo a quantidade de pessoas obesas só cresce.
A Organização Mundial da Saúde já classificou a Obesidade como uma epidemia e as epidemias naturalmente provocam um estado de alerta significativo para todos os países.
Não apenas pelas doenças em si e as consequências individuais que acarretam para a pessoa doente, mas também devido às consequências em escala social e geográfica.
Pessoas doentes não vão à escola, faltam ao trabalho, têm gastos com remédios, impactam no funcionamento dos sistemas de saúde e quando se trata de uma epidemia as proporções de tudo isso são gigantescas.
No caso da Obesidade como epidemia os impactos são percebidos mais lentamente e em decorrência das doenças associadas à obesidade. Mas esses impactos existem também a nível social.
O Jornal EL PAIS publicou matéria (link aqui) com base em dados da OMS que afirmam que há no mundo 2,1 bilhões de pessoas com sobrepeso, 670 milhões destes são obesos. Esse número representa 30% da população mundial.
Afirma ainda que o impacto anual da obesidade na economia mundial é equivalente a 5,3 bilhões de reais.
No Brasil a Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, publicou artigo em 2014 (link aqui) que indicam que de 2008 a 2010 os custos para tratamento de da obesidade e das doenças relacionadas, no SUS, alcançam cifras de 3,6 bilhões de reais por ano, sendo 68% desse valor (2,4 bilhões) gastos com tratamento hospitalar.
Todos esses dados sobre a obesidade vem sendo acompanhados por diversos estudiosos e são relativamente recentes. Pessoas podem atingir o sobrepeso em qualquer fase da vida, mas se essa condição é estabelecida na infância as chances de que se mantenham obesas na idade adulta são enormes, e a tendência é que todos esses prejuízos individuais e coletivos sejam acentuados.
Quais são os grandes vilões da Obesidade Infantil?
Os maiores responsáveis pela obesidade infantil são os hábitos impostos pela realidade social atual.
As crianças que desenvolvem obesidade normalmente têm uma alimentação extremamente comprometedora com o consumo de carboidratos, gorduras, sal e açúcares em quantidades muito maiores do que deveriam.
O consumo excessivo de refrigerantes, salgadinhos, biscoitos recheados ou não, são exemplos de alimentos muito atrativos para o público infantil e que estão disponíveis nos mais diversos lugares onde esse público é predominante.
Outro hábito muito relevante para aumentar a quantidade de crianças obesas em diversas partes do mundo é a mudança do comportamento e hábitos de atividades físicas na infância.
Hoje predomina a cultura dos jogos eletrônicos, o uso excessivo de tecnologias que exigem o mínimo esforço físico por parte de quem os utiliza.
São exemplos dos games, celulares, tablets, computadores, entre outras modernidades.
Uma ou duas décadas atrás não tínhamos tantos recursos tecnológicos disponíveis. Mesmo as TV’s não possuíam uma programação tão extensa e variada que pudesse atrair a atenção das crianças por tantas horas seguidas como ocorre hoje.
O que prevalecia eram as brincadeiras de rua como jogar futebol, andar de bicicleta, correr, brincar de pega pega, entre tantas outras brincadeiras que faziam as crianças se exercitarem muito mais do que hoje.
Esses hábitos de poucos anos atrás faziam que as crianças tivessem um gasto energético muito maior do que agora e não permitiam que o corpo armazenasse essa quantidade energia em forma de gordura.
Em resumo, a má alimentação e o sedentarismo são os grandes vilões causadores do elevado índice de Obesidade em nossas crianças.
Quais são os riscos da Obesidade Infantil?
A Obesidade em si não possui um efeito direto que seja percebido na saúde do corpo. O indicativo mais imediato da obesidade é o aumento do peso corporal.
No entanto, a obesidade carrega com ela muitas doenças associadas que incomodam bastante, e prejudicam muito o desenvolvimento da criança até chegar à fase adulta.
Exemplos desses acometimentos são:
– Maior incidência de Asma
– Apneia do sono
– Problemas nos ossos e articulações
– Diabetes
– Colesterol elevado e suas consequências
– Problemas do fígado
– Problemas do coração, entre muitos outros.
O acúmulo de gordura no corpo geralmente é generalizado, ou seja, ocorre no corpo por inteiro. As células de gordura (adipócitos) ficam cheias, aumentam de volume e, como possuímos essas células em quase todos os órgãos do nosso corpo, quase todos eles sofrem com aumento de volume de gordura.
O coração, pulmão, intestinos, músculos, todas as partes do corpo ficam “comprimidas” pelo excesso de gordura daí decorrem inicialmente alguns efeitos mais sutis como limitação de movimentos, respiração ofegante, pressão arterial aumentada, e outros.
Como Evitar a Obesidade Infantil?
A prevenção da Obesidade infantil se dá com atitudes opostas ao que causam a Obesidade. As duas principais formas de evitar a obesidade infantil são:
- Manter alimentação saudável à disposição das crianças, controlando e limitando a ingestão de alimentos industrializados (salgadinhos, doces, biscoitos recheados, etc) e o consumo muito regular de refrigerantes.
- Incentivar a prática de atividades físicas e esportes regulares é fundamental para contribuir na redução da incidência da Obesidade nas crianças.
No quesito de alimentação saudável deve-se incluir a ingestão de alimentos naturais nas refeições regulares, como café da manhã, almoço, lanche da tarde e Jantar e nunca substituir essas refeições por comida alternativa industrializada.
Nunca substitua essas refeições por lanches como hambúrguer, pizza, biscoitos ou outros alimentos desse tipo.
Mantenha frutas à disposição das crianças. É preferível ter sempre disponível e de fácil acesso das crianças as frutas conforme sua época. Geralmente as frutas são mais baratas na época de maior safra.
Identifique as frutas preferidas das crianças e ofereça com mais frequência e regularidade. Mande frutas e sucos naturais para o lanche da escola!
Quanto à atividade física, é de se notar que não é fácil, na atualidade, manter as crianças longe do acesso à tecnologia. Também não é necessário transformar as crianças em uma ilha isolada do mundo.
Mas é fundamental proporcionar o uso adequado de todo tipo de eletrônico, não impedindo, mas limitando o uso por um tempo determinado diário, em dias determinados na semana.
Juntamente com esse controle de uso dos eletrônicos deve-se incentivar a prática de atividade físicas ao ar livre, de preferência em atividades coletivas que contrastam com uso individual das tecnologias que tanto fascinam as crianças.
Seja o exemplo!
Por último, é importante perceber que toda (ou quase toda) criança possui um adulto que lhe presta cuidados como seu responsável.
Seja Pai, mãe, avô, avó, tio, tia, irmão mais velho, etc. Seja quem for, o adulto serve de referência para as crianças. As crianças não assumem hábitos de vida sozinhas, sempre imitam e seguem os passos das pessoas mais próximas.
Certamente um pai que passa o dia inteiro grudado no celular não terá sucesso em controlar o uso do vídeo game pelo filho.
Da mesma forma não terá sucesso em fazer a criança comer frutas, uma mãe que almoça todos os dias uma lasanha dessas embaladas que se compra no supermercado e que fica pronta em 8 minutos no micro-ondas.
Sejamos mais conscientes e observadores em relação aos nossos hábitos de alimentação e atividade física, e mais ainda, observemos com mais rigor os hábitos que estamos permitindo que nossas crianças desenvolvam. Quem cuida da criança é espelho para ela. A criança vai sempre procurar um exemplo para seguir! Então, sejamos o bom exemplo!
Certo dia ouvimos queixas de uma mãe e de um pai nos dizendo que seus filhos não gostam de comer frutas e legumes. Perguntamos a eles se eles tinham o hábito de ingerir esses alimentos quando estavam junto dos filhos! O pai disse: “As vezes eu como salada!”, e a mãe: “Pra falar a verdade, eu não gosto de legumes, nem de frutas… não fui acostumada a comer essas coisas!” Identificamos aí o porque das crianças não “gostarem de frutas e legumes”. Lembre-se: Precisamos ser o exemplo! As crianças nos imitam mais do que podemos perceber!
Portanto, vamos descascar mais e desembalar menos na hora de nos alimentarmos e de alimentar nossas crianças!
Manter as crianças longe da obesidade contribui para que se desenvolvam melhor, sejam mais felizes e tornem-se adultos saudáveis, menos propensos a doenças.
Cuidar de nós mesmos e de nossas crianças é demonstração de amor que não é possível medir.
Equipe Portal do Cuidado